quinta-feira, julho 31, 2008

Sobre a ilusão de ter




A vida está uma areia movediça. Por causa de uma reforma em casa, eu vou morar por dois meses no apartamento da minha irmã. Encaixotei meus livros, cd´s, computador. Meu namorado me ajudou no trabalho de guardar os objetos e organizar as caixas, eu ia pegando, olhando coisa por coisa e entregando pra ele, em um estranho trabalho de desconstrução. Nunca mudei na vida, tinha coisas guardadas no meu maleiro que eu não mexia há mais de 10 anos, não sabia direito o que jogar fora e o que guardar. Depois de desmontar tudo, notei que aquilo que realmente importava cabia em apenas três caixas grandes (duas delas de livros). Empilhei as caixas em um quarto da velha casa e trouxe para meu lar provisório apenas o que ia precisar e aí começa a parte movediça da minha vida. Minha cama está improvisada no quarto da minha sobrinha Isabela, não tenho gavetas e tive de pendurar até sutiã no cabide, por não ter levado muita coisa, as vezes preciso pegar emprestado umas roupas da minha irmã e da Isabela. E mais: o meu carro eu troco com eles nos dias de rodízio; telefone, controle remoto e computador são itens que raramente eu toco. Tudo aquilo que eu julgava ter posse, agora não está ou é de uso coletivo ou está trocado...no começo eu achava estranho, mas é mesmo uma boa lição, porque ter sem ter é uma forma bem light de perder a ilusão de que alguma coisa nesta vida me pertence.

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